Do norte a sul do País o homem em períodos de crise, motivados por intempéries e situações políticas complicadas, recorreu muitas vezes às plantas espontâneas para uso alimentar o que acabou, nalguns casos, por dar origem a hábitos e usos gastronómicos que se foram transmitindo no decorrer dos anos, mesmo àqueles a que a vida corria melhor.
Não podemos esquecer o tempero aromático dos orégãos, da hortelã , da erva das azeitonas, do funcho, do alecrim, do poejo e da carqueja, entre muitas outras.
Tenho verificado que a mesma planta tem utilizações diferentes, conforme a região.
Os arelhos guisados com bacalhau e batatas são o prato mais conhecido mas podem- se fazer de diversas formas e com carne também.
Nos dicionários que consultei,
Novo Dicionário da Língua Portuguesa, Francisco Torrinha, 1946,
Lello Universal – Dicionário Enciclopédico Luso-Brasileiro, Porto, 1975,
Dicionário da Língua Portuguesa, por Almeida Costa e Sampaio e Melo “Editora”, 5ª Edição, 1977 e por último o
Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, Academia das Ciências de Lisboa – Verbo, 2001, não encontrei o substantivo arelho mas sim alhos-porros e alhos da vinha (espontâneos nas vinhas), entre outros. Estas duas designações presumo que sejam sinónimas de arelhos.
Enquanto na Várzea e zonas circunvizinhas só se aproveita a “cabeça”, na Serra Algarvia aproveitam igualmente a rama (folha) e cozinham-nos de uma maneira totalmente diferente da do Ribatejo, com sopa de pão e fatias de toucinho. Constituem igualmente um bom petisco!
Até hoje nunca encontrei o bacalhau guisado com arelhos em qualquer restaurante que diz servir pratos regionais o que sempre me admirou, pensando eu que seria um prato típico da região completamente perdido.
Os arelhos não são nada conhecidos no entanto proporcionam-me uma excelente refeição.
Irei deixar no Blog mais algumas receitas que faço com arelhos.
Espero que gostem.
OBS: Texto baseado num artigo do Sr.º José Varzeano que é colaborador no Correio do Ribatejo .